quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ele é foda. Quase nunca nos vemos, mas quando acontece de nos vermos, é sempre muito legal. Eu caminho de mãos dadas com ele pelas ruas, calçadas e avenidas olhando para o horizonte e seguindo a luz do sol ou mesmo das estrelas menores. Eu paro e sento no chão com os braços envoltos sobre as pernas, ele senta ao meu lado. Eu olho para o chão fingindo não notar a presença dele ali; tento não perceber o calor do braço dele na minha lateral. Mas ele senta e olha para onde estou olhando e sem nenhuma descrição, olha para mim durante longos dez segundos. Me pergunta o que foi, eu digo que não foi nada - é incrível como ele sempre quer descobrir o que se passa na minha cabeça nos momentos de distração. É como se ele fosse o Super-Homem com aquela Super visão de raio-x captando em meu cérebro ondas quase que imperceptíveis de pensamentos inusitados. Fico ali pensando na felicidade que ele me traz, naquele momento que pode ocorrer novamente mas nunca se repetirá no tempo; penso 254 coisas em um só momento. Ele pega no meu ombro e com aquela carinha simpática perguntando se eu quero um sorvete; eu digo que não. Ele pergunta se eu sinto alguma coisa; a resposta é negativa novamente. O que você quer? Sair dali correndo antes que tudo acabe, antes mesmo de imaginar a possibilidade daquele momento nunca mais se repetir, sair correndo antes de perder.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eu sempre me pego perdida nos meus pensamentos, olhando para o nada. Fico ali com a cabeça cheia, mas vazia ao mesmo tempo; sem ter forças ou motivos para voltar a esta realidade. A verdade é que eu nunca quis entrar nesse mundo, eu nunca quis ser tão cruel com a vida ou mesmo com meus pais. Eu me confundo com as minhas próprias palavras, me deturpo com o meus pensamentos, ignoro a minha existência de tal forma que não quero que as pessoas me enxerguem. Eu não quero ter um nome, não quero ter uma identidade ou coisa do tipo. Não queria deixar as minhas digitais nas coisas que toco porque não seria justo deixá-las manchadas com essas marcas. Tem dias que me sinto assim.Vazia, inútil.
De repente vem você. Você chega devagar, como quem não quer nada e num estalar de dedos lá está você preenchendo o vazio que me faltava. Como é que pode? Você não tem o direito de me fazer feliz, não mesmo. Quem você pensa que é? Só porque você é lindo, me faz rir toda vez que conversamos, me acorda todos os dias às exatas 5:30h da manhã ligando exaustivamente para o meu celular até que eu o atenda com aquela voz rouca e inebriada de sono e comece a te xingar preguiçosamente com os nomes mais bizarros - que na verdade nem sei se existem - até você ouvir em silêncio esperando eu me calar e dizer: "Bom dia, amor". Então eu fico puta da vida, porque eu sinto que você está ali, e o que é pior, quer me fazer feliz. E mais grave ainda é quando você tenta fazer uma coisa que não consegue, então eu tomo da sua mão e consigo mais rápido que você e eu juntos pudéssemos imaginar, você me olha e abre aquele sorriso estarrecedor me dizendo: " Você é foda.", eu sempre perco a graça, mesmo sendo FODA não consigo controlar esses estímulos instântaneos. Então me afasto de você, negando qualquer elogio que possa elevar a minha auto-estima. Eu não posso ficar explicando pra você, mas EU NÃO TENHO O DIREITO DE SER FELIZ, OK? Não posso ficar com esse sorriso estampado na face toda vez que te vejo, não posso alimentar a esperança de que você possa me fazer feliz algum dia, entende? Claro, você diz que não entende e me enche de POR QUÊS aos quais nem eu mesma sei responder. Você se aproxima, eu recuo. Então eu percebo que eu não estou querendo tirar só a minha felicidade, mas a sua também! Que merda, a vontade que tenho agora é de sair correndo e me jogar de cima de um precipício, mas eu não posso. Percebi que você já sou eu, eu contaminei você com a minha tristeza... E agora? Não, não chega tão perto. Não me olha desse jeito porque assim eu não consigo mais recuar, as minhas pernas não respondem aos meus comandos... Não me segura tão forte assim, me deixa fugir, quero cair fora logo antes que seja tarde. Tita a mão da minha cintura cara, e eu não quero sentir o calor do seu corpo! Por que os seus lábios estão tão próximos dos meus agora? Que droga, esse é o melhor beijo que eu já provei na minha vida! Não posso parar, ou melhor, não consigo parar... EI, POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O pior ladrão é aquele que mente, pois ao estar mentindo estará roubando do outro o direito de saber a verdade. Eu sempre concordei com esse pensamento e mesmo assim continuei tirando de você o direito de saber a verdade, continuei a dar o desprazer de ser o pior ladrão da sua vida. POR QUE? Me pergunto todos os dias de manhã após me afogar num oceano torrencial de lágrimas mesclado a uma punhado de água que atiro em meu rosto, tendo como penitência alguns segundos de oxigênio perdido, talvez roubado pela minha razão. Eu sinto vontade de me desculpar todos os dias por ser a pior pessoa do mundo, mas desculpas a gente só pede mesmo quando o erro não vai voltar a se repetir, ou pelo menos não há intenção de persistir no mesmo erro. Só que não é assim que acontece. Eu gosto muito mais de você do que de mim, acredite. Não sei explicar, mas é mais forte do que eu. Essa força mora aqui dentro de mim e faz com que eu não seja mais a dona da minha razão, me transforma nesse monstro que não consegue ser humilde e dizer: " Eu errei, menti pra você", não me mostra o lado puro e bom da verdade que pode me salvar e acabar com essa angústia de uma vez por todas. Acho que na concepção dessa mente maldita, mentir vai te deixar feliz assim desse jeito para sempre, mas no meu consciente eu sei que não é assim que funciona; sei que ao mesmo tempo que te trago essa felicidade, alimento uma confiança que cresce e ganha força de maneira extremamente compulsiva. Isso me faz um mal tão grande que você nem sabe. Eu queria acabar com isso, de verdade. Queria acordar e perceber que tudo não passou de um sonho ruim, que eu não preciso disso, que foi apenas um aviso pra que não faça na realidade, que eu não precisaria olhar em seus olhos e dizer que eu não existo, que eu não passo de um elemento inventado - fruto de uma imaginação criativa de um criminoso qualquer. Mas não é assim que funciona, infelizmente não é. E eu queria tanto que fosse tudo verdade, que o abraço apertado e quentinho dele com cheiro de Malbec fosse real. E que ele iria te visitar na sua sua cidade, te buscar de bicicleta na frente da sua escola e vocês passeariam a tarde inteirinha sem nem pensar no que aconteceria amanhã. Ele tão brincalhão,tão cheiroso, tão "bonzinho", tão esperto, tão corajoso, tão amigo, tão romântico, tão carinhoso, tão perfeito, tão seu. Te faria um pedido de casamento ao vivo - pedido feito tantas vezes à distância, agora ele estaria ali. Você certamente morreria de ciúmes quando todas as suas amigas viessem eufóricas e intensas, todas elas empolgadíssimas com o seu príncipe, o campeão das piadinhas, o conquistador da mulherada. Então você estaria muito brava, conversando monossilabicamente; ele te olharia com aquela carinha de cachorrinho sem dono e perguntaria na maior cara de pau: "o que foi que eu fiz?" E em pouquíssimo espaço de tempo faria você rir com uma nova piada e faria você ouvir as histórias diárias dele.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Então fomos todos para o telhado observar as estrelas e a lua. Nossa, e como a lua estava linda... totalmente cheia e redonda, contemplada por milhares de estrelinhas bem brilhantes. A gente conversou sobre algumas coisas enquanto observava aquele céu imenso e perfeitamente iluminado. Eu contei a ele sobre os lugares que o levaria para conhecer, sobre os meus amigos e ele contou um pouco sobre a vida dele la também. Conversamos, rimos, ouvimos música e até contamos histórias. Ele me abraçou bem forte, deu um beijo na minha cabeça e agradeceu por estar ali comigo. Eu sorri e respondi: Eu sabia que voce viria, amor. Nesse momento começou a tocar Standy by me do John Lennon.
Quando a noite chegar e a terra ficar escura e o luar for a única luz que se vê não, não vou ter medo não, não vou tedo medo enquanto você ficar, ficar comigo, e querida, querida fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo se o céu que contemplamos despencar e cair e a montanha se desmoronar para o mar não vou chorar, não vou chorar, não, não vou derramar uma lágrima enquanto você ficar, ficar comigo e querida, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo enquanto tiveres problemas não terás, se estiveres comigo fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo.
Às vezes eu penso que eu posso morrer com esse nó, ele me faz tão mal. O nó me sufoca, me deprime, me arranca a alegria, suga as minhas forças, acelera o meu coração que bate desritmado e descompassado, aperta a minha garganta, rouba a minha voz, tira a firmeza dos meus passos, me rouba o sentido da vida. Ele me faz lamentar por todas as vezes que eu estive aqui, sempre no mesmo lugar à sua espera. Eu permanecia intacta, confiante e segura de que você viria ao meu encontro sem ao menos hesitar. Me enganei por todas as vezes que estive aqui, mas nunca faltei a nenhum dos nossos encontros porque você falou por todas as vezes que nunca me deixaria só. Tive ilusões durante todas essas vezes, durante todo esse tempo, mas eu nunca duvidei da sua palavra; eu sorria ao imaginar a sua chegada, eu tremia ao sentir o brisa fria que beijava a minha face, eu chorava em algum momento de desespero, e então sorria em um mero mometo de loucura. Eu sentia você ali, sim! Eu sei que você estava ali. No vazio da escuridão, as minhas pupilas dilatadas tentavam localizar a sua imagem; a minha voz se diluía no imenso vácuo, eu queria correr, queria fugir para bem longe daquele lugar que havia se tornado sombrio e nefasto, queria gritar e pedir ajuda, queria acordar para a realidade e para sempre despertar desse sonho ruim que só não era pesadelo porque você estava lá.
Sinceramente, hoje eu estava desejando a morte. Desejando a minha morte. Tem dias que não nos damos conta do que realmente queremos, do que realmente somos, para que de fato existimos. Hoje eu acordei bem, levantei bem, tive um dia quase perfeito... Mas é só chegar o final do dia que logo vem a minha cabeça uma lista de questionamentos aos quais não sei responder. Não, eu não sei responder nenhum deles. Procuro em cada canto da casa, com os olhos cheio de lágrimas, sentindo as batidas precisas do meu coração, sentindo o sangue pulsar em minhas veias como se cada parte do meu corpo tivesse o intuito de se transformar em diminutas partículas as quais eu jamais me reitegraria. Hoje eu queria ser o fim da linha, o ponto de chegada - ou melhor, o ponto de partida; hoje eu queria ser o finito do infinito. Que os incessáveis soluços do meu choro ecoassem na imensidão desse céu sem fim e que esse mesmo céu me levasse para longe... para muito longe de toda essa verdade bem lavada. Todos os dias da minha vida e penso na minha morte. Não sei se isso seria normal, mas é assim que acontece. Eu tento planejar tudo; a dor descompensada, o ar já intragável aos pulmões, o último suspiro e, com toda redundância, finalmente o fim.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Hoje foi pior que ontem e amanhã será melhor do que qualquer outro dia. Assim pensam os otimistas, os que nunca se cansam da constante batalha que é viver, sofrer, amar, e amar de novo e sofrer de novo, virar nove doses de Old Eight numa só noite e nesta mesma noite conhecer alguém, e amar de novo e sofrer de novo. Um dia eles ficarão de saco cheio de tudo isso; ou não.Um dia eles encontrarão alguém para dividir a mesma cama, para rachar as contas do mês, para alternar as noites escolhendo quem vai ninar o bebê, um colo acolhedor para as horas difíceis. Ou não. Daí eles, todos eles irão sair pelas noitadas, encontrar alguém especificamente para àquela noite, dar uns beijinhos, trocar o telefone e não sentir vontade de ligar depois. Dormirão depois de muito admirar a lua e as estrelas em algum bom ângulo da casa, talvez depois de chorar, e assim dormirão de um sono tão profundo que chegarão a sonhar que amanhã será um novo dia, um dia bem melhor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Essa noite foi diferente, acordei quase que chorando. Eu tava sozinho num corredor imenso repleto de portas de todas as cores. O corredor era tão vasto que eu nem poderia enxergar o seu fim. De repente tudo se apaga, inicia-se um black-out. Consigo enxergar uma luz lá no fim do corredor, e então corro muito até que me canso e me ajoelho suado e ofegante. Então começo a procurar em todas as portas alguém pra me tirar daquele lugar, tento gritar, mas ninguém pode me ouvir. Por um instante pude perceber que a minha voz não saía, eu estava sufocado. Fiquei tonto, perdi os sentidos e só lembrava do seu nome, então gritava e você não me ouvia. Você tinha ido embora, me deixado para sempre.
Eu não tenho tempo para coisas fúteis. Não tenho tempo para o sucesso, para a ironia, para o sorriso, para o abraço, para o iogurte, para o doce meio azedo, para os chocolates meio amargos - mas tão amargos - não tenho tempo para alegria, para a dor, para o suspense, para o delírio, para a loucura, para o sexo, para o cinema no final de semana, para o livro aberto, para a luz apagada, para a geladeira aberta, para a toalha molhada em cima da cama, para o som alto demais, para os cd's arrumados na estante, para as medalhas penduradas na parede do quarto, para o suspiro, para o beijo molhado, para o sorriso calado, para as palavras que jamais ousaram sair, para a vida que eu escolhi, para você. Eu não tenho tempo para mim.
Hoje eu tive um sonho com você. Foi o meu primeiro sonho com você, digo sonho dormindo mesmo, porque acordado eu já sonho faz tempo. Eu acordei sorrindo, é fazia um tempo que eu não sonhava. Estava você ali na minha frente, sorria muito, um sorriso lindo. Eu retribuía os sorrisos, tentava te alcançar, mas não conseguia. Eu estava preso ao chão com um concreto resistente e ainda havia uma parede de gigante de vidro. Eu estendia a mão e tentava te alcançar, sentir a tua pele e não conseguia. Engraçado, você parecia não me enxergar. O seu olhar era fixo, como se dentro do próprio sonho você já estivesse sonhando. Uma moça apareceu, e nossa como ela era linda. Os seus olhos eram claros de um olhar limpo e ao mesmo tempo penetrante, irradiava uma luz tão pura que atravessava o meu corpo e fazia eu me sentir vivo. Paralisei no tempo. Ela segurou a sua mão e sem nenhum esforço tocou o vidro atravessando-o e unindo as nossas mãos. Foi incrível o nosso contato, feixes de luzes pareciam explodir ao nosso redor, surreal.