sexta-feira, 29 de abril de 2011

Então fomos todos para o telhado observar as estrelas e a lua. Nossa, e como a lua estava linda... totalmente cheia e redonda, contemplada por milhares de estrelinhas bem brilhantes. A gente conversou sobre algumas coisas enquanto observava aquele céu imenso e perfeitamente iluminado. Eu contei a ele sobre os lugares que o levaria para conhecer, sobre os meus amigos e ele contou um pouco sobre a vida dele la também. Conversamos, rimos, ouvimos música e até contamos histórias. Ele me abraçou bem forte, deu um beijo na minha cabeça e agradeceu por estar ali comigo. Eu sorri e respondi: Eu sabia que voce viria, amor. Nesse momento começou a tocar Standy by me do John Lennon.
Quando a noite chegar e a terra ficar escura e o luar for a única luz que se vê não, não vou ter medo não, não vou tedo medo enquanto você ficar, ficar comigo, e querida, querida fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo se o céu que contemplamos despencar e cair e a montanha se desmoronar para o mar não vou chorar, não vou chorar, não, não vou derramar uma lágrima enquanto você ficar, ficar comigo e querida, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo enquanto tiveres problemas não terás, se estiveres comigo fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo, fique comigo.
Às vezes eu penso que eu posso morrer com esse nó, ele me faz tão mal. O nó me sufoca, me deprime, me arranca a alegria, suga as minhas forças, acelera o meu coração que bate desritmado e descompassado, aperta a minha garganta, rouba a minha voz, tira a firmeza dos meus passos, me rouba o sentido da vida. Ele me faz lamentar por todas as vezes que eu estive aqui, sempre no mesmo lugar à sua espera. Eu permanecia intacta, confiante e segura de que você viria ao meu encontro sem ao menos hesitar. Me enganei por todas as vezes que estive aqui, mas nunca faltei a nenhum dos nossos encontros porque você falou por todas as vezes que nunca me deixaria só. Tive ilusões durante todas essas vezes, durante todo esse tempo, mas eu nunca duvidei da sua palavra; eu sorria ao imaginar a sua chegada, eu tremia ao sentir o brisa fria que beijava a minha face, eu chorava em algum momento de desespero, e então sorria em um mero mometo de loucura. Eu sentia você ali, sim! Eu sei que você estava ali. No vazio da escuridão, as minhas pupilas dilatadas tentavam localizar a sua imagem; a minha voz se diluía no imenso vácuo, eu queria correr, queria fugir para bem longe daquele lugar que havia se tornado sombrio e nefasto, queria gritar e pedir ajuda, queria acordar para a realidade e para sempre despertar desse sonho ruim que só não era pesadelo porque você estava lá.
Sinceramente, hoje eu estava desejando a morte. Desejando a minha morte. Tem dias que não nos damos conta do que realmente queremos, do que realmente somos, para que de fato existimos. Hoje eu acordei bem, levantei bem, tive um dia quase perfeito... Mas é só chegar o final do dia que logo vem a minha cabeça uma lista de questionamentos aos quais não sei responder. Não, eu não sei responder nenhum deles. Procuro em cada canto da casa, com os olhos cheio de lágrimas, sentindo as batidas precisas do meu coração, sentindo o sangue pulsar em minhas veias como se cada parte do meu corpo tivesse o intuito de se transformar em diminutas partículas as quais eu jamais me reitegraria. Hoje eu queria ser o fim da linha, o ponto de chegada - ou melhor, o ponto de partida; hoje eu queria ser o finito do infinito. Que os incessáveis soluços do meu choro ecoassem na imensidão desse céu sem fim e que esse mesmo céu me levasse para longe... para muito longe de toda essa verdade bem lavada. Todos os dias da minha vida e penso na minha morte. Não sei se isso seria normal, mas é assim que acontece. Eu tento planejar tudo; a dor descompensada, o ar já intragável aos pulmões, o último suspiro e, com toda redundância, finalmente o fim.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Hoje foi pior que ontem e amanhã será melhor do que qualquer outro dia. Assim pensam os otimistas, os que nunca se cansam da constante batalha que é viver, sofrer, amar, e amar de novo e sofrer de novo, virar nove doses de Old Eight numa só noite e nesta mesma noite conhecer alguém, e amar de novo e sofrer de novo. Um dia eles ficarão de saco cheio de tudo isso; ou não.Um dia eles encontrarão alguém para dividir a mesma cama, para rachar as contas do mês, para alternar as noites escolhendo quem vai ninar o bebê, um colo acolhedor para as horas difíceis. Ou não. Daí eles, todos eles irão sair pelas noitadas, encontrar alguém especificamente para àquela noite, dar uns beijinhos, trocar o telefone e não sentir vontade de ligar depois. Dormirão depois de muito admirar a lua e as estrelas em algum bom ângulo da casa, talvez depois de chorar, e assim dormirão de um sono tão profundo que chegarão a sonhar que amanhã será um novo dia, um dia bem melhor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Essa noite foi diferente, acordei quase que chorando. Eu tava sozinho num corredor imenso repleto de portas de todas as cores. O corredor era tão vasto que eu nem poderia enxergar o seu fim. De repente tudo se apaga, inicia-se um black-out. Consigo enxergar uma luz lá no fim do corredor, e então corro muito até que me canso e me ajoelho suado e ofegante. Então começo a procurar em todas as portas alguém pra me tirar daquele lugar, tento gritar, mas ninguém pode me ouvir. Por um instante pude perceber que a minha voz não saía, eu estava sufocado. Fiquei tonto, perdi os sentidos e só lembrava do seu nome, então gritava e você não me ouvia. Você tinha ido embora, me deixado para sempre.
Eu não tenho tempo para coisas fúteis. Não tenho tempo para o sucesso, para a ironia, para o sorriso, para o abraço, para o iogurte, para o doce meio azedo, para os chocolates meio amargos - mas tão amargos - não tenho tempo para alegria, para a dor, para o suspense, para o delírio, para a loucura, para o sexo, para o cinema no final de semana, para o livro aberto, para a luz apagada, para a geladeira aberta, para a toalha molhada em cima da cama, para o som alto demais, para os cd's arrumados na estante, para as medalhas penduradas na parede do quarto, para o suspiro, para o beijo molhado, para o sorriso calado, para as palavras que jamais ousaram sair, para a vida que eu escolhi, para você. Eu não tenho tempo para mim.
Hoje eu tive um sonho com você. Foi o meu primeiro sonho com você, digo sonho dormindo mesmo, porque acordado eu já sonho faz tempo. Eu acordei sorrindo, é fazia um tempo que eu não sonhava. Estava você ali na minha frente, sorria muito, um sorriso lindo. Eu retribuía os sorrisos, tentava te alcançar, mas não conseguia. Eu estava preso ao chão com um concreto resistente e ainda havia uma parede de gigante de vidro. Eu estendia a mão e tentava te alcançar, sentir a tua pele e não conseguia. Engraçado, você parecia não me enxergar. O seu olhar era fixo, como se dentro do próprio sonho você já estivesse sonhando. Uma moça apareceu, e nossa como ela era linda. Os seus olhos eram claros de um olhar limpo e ao mesmo tempo penetrante, irradiava uma luz tão pura que atravessava o meu corpo e fazia eu me sentir vivo. Paralisei no tempo. Ela segurou a sua mão e sem nenhum esforço tocou o vidro atravessando-o e unindo as nossas mãos. Foi incrível o nosso contato, feixes de luzes pareciam explodir ao nosso redor, surreal.